O futuro do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, está em cheque depois da oficialização da saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, conforme decisão publicada pelo presidente Jair Bolsonaro no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (24). Jornais do centro do país trazem a informação de que a troca de uma peça fundamental para Moro sem o seu consentimento por gerar o pedido de demissão do ex-juiz federal. Com isso, a troca teria impactos em Santa Catarina. Moro fará um pronunciamento às 11h desta sexta-feira, em Brasília.

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A relação do ministro com o Estado tem sido estreita neste um ano e quatro meses de governo Bolsonaro. Os comandantes das polícias catarinenses se encontraram em diferentes oportunidades com Moro e demonstraram boa aproximação. O comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PM-SC), coronel Araújo Gomes, foi quem teve mais contato no período por conta do cargo de presidente do conselho dos comandantes-gerais da PM e dos Bombeiros militares de todos os Estados. A luta local percorreu diferentes caminhos da segurança pública, mas um aumento no repasse para os Estados foi um dos temas.

A PF, centro das atenções neste momento no país, teve forte atuação em SC na gestão do agora ex-diretor Mauricio Valeixo. Somente em 2019, foram três grandes operações no Estado, sendo duas delas com comando da superintendência catarinense.

No sistema prisional catarinense pode estar outro impacto. Moro demonstrou em diferentes oportunidades um apreço por cadeias do Estado, inclusive com publicação em rede social. Em junho de 2019 ele esteve na penitenciária de Chapecó, no Oeste, para conhecer a estrutura da cadeia em que a maioria dos detentos trabalha. Em maio do ano passado, o ministro disse que os modelos das penitenciárias de Chapecó e de São Cristóvão do Sul, no Meio-Oeste, "precisam ser conhecidos e disseminados" e frisou que as equipes do ministério estavam trabalhando nesse sentido.

Em outra visita ao Estado, em setembro de 2019, Moro esteve no Tribunal de Justiça (TJ-SC), além de ter conhecido a estrutura do IGP, do comando-geral da PM e de ter se encontrado com o governador Carlos Moisés da Silva. Os atos foram mais um sinal de aproximação do ex-juiz com o Estado, incluindo o Judiciário. Deputados federais ligados ao governo também estiveram próximos a Moro no período e participaram das vindas dele ao Estado.

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Fontes da segurança pública sempre classificam a troca de cargos de comando em meio a um planejamento como ruim para a continuidade das ações. Numa eventual saída de Moro, a construção destes 16 meses de governo com Santa Catarina também pode ser atingida. Um novo nome pode gerar também troca nas estruturas ligadas ao ministério, que têm contatos diretos com as autoridades catarinenses. Com uma eventual troca no comando na pasta, toda a relação terá que ser refeita.