Há uma pergunta que cresce nas redes sociais nos últimos dias: por que Santa Catarina não abriu leitos de UTI Covid-19 desde março de 2020 e agora passa por esse colapso? A resposta para esse questionamento, que tornou-se uma narrativa de quem critica as medidas de restrição adotadas pelo Estado e por prefeituras, está nos números. O Estado abriu, sim, unidades de terapia intensiva neste quase um ano. Com 170 leitos recém-pactuados, o crescimento será de 167% para adultos, conforme dados da secretaria de Saúde de SC.
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Em colapso, Santa Catarina tem 155 pessoas na fila de espera por leito de UTI
Os números mostram que em março de 2020 eram 546 espaços para adultos. Neste domingo o sistema mostrava 1287, com a projeção de entrada dos 170 recém-pactuados. Na prática, o Estado terá em torno de 1457 leitos. Usei o termo “em torno” porque alguns desses contratados recentemente já começaram a entrar no sistema público.
Então, segundo os dados da secretaria, há mais do que o dobro da unidades do que no começo da pandemia. Mas mesmo assim estamos em colapso, o que comprova a tese de que não é somente – apesar de fundamentais – com leitos de UTI que se enfrenta uma pandemia. A fila de espera atual, que no final de semana era de 155 pessoas, conforme publicou a colega Dagmara Spautz, está em 222 pacientes.
Por isso é que esses recém-pactuados são absorvidos rapidamente. No atual cenário, não tem sobra de leito. Abre e ocupa. Os números mostram isso. Os 170 novos estão sendo abertos nos últimos 30 dias, segundo o governo. Eles já “nascem” com data para serem usados.
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Não se trata de defender A ou B nesse ponto. Mas é importante mostrar que estamos numa escalada de abertura de leitos, aceitando mais e mais pessoas doentes. Podemos abrir mais espaços, que nesse ritmo teremos mais gente internada. Infelizmente.
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