Depois de anos com indicados políticos à frente da Infraestrutura no governo do Estado, a pasta tem desde janeiro um secretário com perfil diferente. O coronel do Exército Carlos Hassler está há três meses no cargo e tem adotado um estilo antagônico ao tradicionalmente visto dentro da secretaria e do Deinfra. Não à toa, foi escolhido para comandar a área considerada fundamental pelo governador Carlos Moisés da Silva.

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Hassler não foge da realidade. Deu para perceber nas recentes presenças dele na Câmara de Vereadores da Capital e na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), ambas para falar sobre a obra de reformas das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos. Respondeu às perguntas ao seu melhor estilo. Usou da sinceridade e até mesmo da ironia, uma característica presente em entrevistas.

Na Alesc, por exemplo, disse que prefere fazer selfie na Serra do Rio do Rastro do que fotos em frente às ferragens das duas pontes da Capital em alusão às imagens divulgadas nas redes sociais sobre as condições das estruturas.

Quem já esteve em reuniões com o secretário relata uma postura forte. Em alguns casos, chega a gerar incômodo aos presentes, muitos deles acostumados ao estilo político dos antigos secretários. O discurso mudou, sem promessas e necessidade de protagonismo pela desvinculação partidária do coronel. Até mesmo na forma de relação com os servidores uma atitude chamou a atenção.

No começo dos trabalhos, reuniu todos os trabalhadores, efetivos ou terceirizados, no pátio da secretaria. Ao ar livre, agradeceu o empenho nos primeiros dias e explicou como funcionaria a secretaria dali para frente.

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Adaptado ao estilo do Exército, enfrenta alguns temas como se ainda estivesse na corporação. No começo da gestão, Hassler assumiu um tom de enfrentamento contra a Floripa Airport, concessionária do aeroporto Hercílio Luz, e estabeleceu outubro como a data de entrega do acesso ao terminal ao lembrar que o contrato do governo federal com a empresa estabelecia esse prazo e não agosto, como pretendiam os suíços.

O novo secretário tem evitado falar das gestões passadas da secretaria. Avalia que cada um tomou as decisões conforme seu contexto. A comparação, entretanto, é inevitável. A secretaria de Infraestrutura foi por anos aparelhada politicamente.

Com isso, restou-se um cenário de sucateamento. Hassler terá uma missão digna de Exército para recuperar o órgão e torná-lo protagonista na área considerada prioritária pelo novo governo. Caso consiga, o estilo forte será facilmente esquecido e ainda lembrado como positivo.