Em um debate eleitoral, a grande atração são os candidatos. Ao mediador, cabe apenas o papel de coordenar o tempo, orientar quem pergunta e responde, seguir o roteiro e manter a ordem do programa. Quando o mediador aparece mais que os candidatos, o sinal é ruim, e não sobre quem comanda o debate, mas sim sobre os próprios postulantes aos cargos públicos. Foi o que vimos na noite desta quinta-feira (29) no último encontro entre os candidatos à presidência da República. William Bonner, foi o destaque do debate da Globo. Coube a ele organizar um ambiente onde a principal intenção de quem deveria se preocupar em destacar-se de forma positiva foi procurar o confronto.
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Foram inúmeros pedidos de direito de resposta já desde o primeiro bloco. Assim, Bonner apareceu mais do que um debate ordeiro e propositivo pede. Enquanto o normal seria enxergar um encontro entre candidatos com a procura constante pelo bom diálogo, ficou claro que a intenção principal de parte dos presidenciáveis era atacar para se projetar. Coube a Bonner, então, o papel de assumir as rédeas do programa antes que ele se tornasse um circo.
Foi assim com o candidato Padre (que não é padre) Kelmon (PTB). O petebista estava, visivelmente, fora dos padrões do debate. Ele interrompia os adversários e não seguia as orientações do mediador. Foi neste momento que o jornalista do Jornal Nacional precisou sair do roteiro para chamar a atenção do presidenciável, de quem se esperava o mínimo de comportamento razoável.
Mas não foi só Kelmon que preferiu agitar com o formato do debate. Houve uma insistência constante de Lula e Bolsonaro nos ataques com termos inadequados que geraram uma enxurrada de direitos de resposta. Entre os demais, entre uma alfinetade a outra, também vieram mais pedidos. E assim o debate concentrou-se muito mais nas explicações sobre os ataques do que nas propostas que cada um poderia apresentar.
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Portanto, ficou claro que os candidatos não escolheram o caminho da conquista do voto pelo conceito de programa de governo. A opção foi pelo confronto. Para as redes sociais, foi um espetáculo. Resta saber se o eleitor que decide na urna se sentirá atraído pelo que viu.
Aliás
Falando em atuação dos mediadores nos debates, faço aqui uma menção honrosa ao também colega jornalista Raphael Faraco, que comandou o último encontro entre os candidatos ao governo de SC, na NSC TV. Faraco também foi um exemplo de mediação encarando com tranquilidade os momentos mais agitados do debate catarinense.
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