Naquele que é um dos momentos mais difíceis para o governo federal em três anos e meio da atual gestão, o presidente da República estará em Santa Catarina. A vinda deste sábado a Balneário Camboriú foi marcada para que Bolsonaro possa encontrar Jesus na marcha em que são esperadas 50 mil pessoas – ou eleitores, como quiserem interpretar. Com as repercussões mais recentes envolvendo o governo, não faltam motivos para que Bolsonaro ajoelhe e reze.
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Obviamente, a vinda do presidente que tentará a reeleição será em ritmo pré-campanha. No principal reduto eleitoral do país, ele se sente sempre à vontade para se comportar ao seu velho estilo. Aqui, em todas as outras vezes em que visitou, Bolsonaro pouco anunciou para os catarinenses. Desta vez, tudo indica que não será diferente. Mas não é para isso que as visitas dele acontecem.
Bolsonaro quer encontrar um ambiente tranquilo justamente um dia depois de vir à tona um áudio do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro indicando que foi alertado pelo próprio presidente de que poderia ser alvo de uma busca e apreensão. Como sabemos, Ribeiro não só foi alvo de busca e apreensão como também foi preso, na última quinta-feira, em operação da Polícia Federal contra supostas irregularidades no MEC.
Politicamente falando, o clima é de pressão para o comandante da República, por isso a necessidade de um reduto mais alinhado à gestão e próximo a Jesus. Com um discurso contundente contra a corrupção, agora chegou a vez dele explicar por que teria alertado Ribeiro sobre uma investigação da PF.
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Aliás, como Bolsonaro sabia do trabalho dos agentes? E por que decidiu interferir no trabalho da PF? Qual é a ligação do presidente com supostas irregularidades no MEC que o fariam se preocupar? São algumas das respostas que precisam ser dadas.
É por isto que Bolsonaro tem muito a explicar – e rezar – na vinda a SC. Mais do que se confessar com Jesus na marcha de Balneário Camboriú, seria necessário que ele também detalhasse aos brasileiros as conversas com o ex-ministro. Nem se espera mais que Bolsonaro possa anunciar recursos ou obras para os catarinenses, mas uma explicação sobre uma das piores crises do governo deveria ser o mínimo.
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