Era esperado que o presidente da República Jair Bolsonaro não fosse ficar na defensiva. Reagiu. Do seu jeito, é claro, mas partiu para a guerra de versões contra Sérgio Moro. Foi essa a medida adotada para tentar fugir do turbilhão em que encontro desde que o ex-ministro de Justiça e Segurança Pública disparou denúncias graves ao pedir demissão na manhã desta sexta-feira por conta da exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo.
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Para se justificar, Bolsonaro foi para o ataque na tentativa de desacreditar o que foi dito pelo seu ex-comandado. As denúncias de Moro são graves e ainda carecem de uma resposta. Mas o presidente da República deu suas versões. Seja sobre a possível indicação do ex-juiz federal para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) ou em relação à interferência na Polícia Federal (PF).
Este último assunto, aliás, ainda pede mais explicações. Bolsonaro decidiu disparar sobre diferentes episódios para falar sobre a questão. Mas não convenceu e nem apresentou motivos concretos para o que levou ele a decidir pela saída de Valeixo. Preferiu focar no mesmo discurso que vem usando desde o começo do dia nas redes sociais de que o cargo lhe confere a autoridade de escolher o chefe da PF.
Durante esta sexta-feira, o site Valor Econômico publicou que Moro tem áudios de conversas com Bolsonaro. A partir de agora o confronto de versões vai ganhar mais corpo. Quem trouxer mais provas do que disse, terá mais credibilidade. Como escrevi mais cedo, o limite que será dado ao que o ex-ministro denunciou é importante para o futuro.
O presidente reforçou seu posicionamento autoritário em diferentes momentos do discurso e avançou sobre uma linha política. Colocou Moro como adversário e partiu para o ataque. Trouxe para o debate temas antigos e quis se colocar como alvo. Mais do que uma resposta, Bolsonaro tornou o pronunciamento um balanço daquilo que ele tradicionalmente polemiza, mas ainda há o que explicar.
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