Os pilares da Polícia Civil de Santa Catarina ficaram abalados com duas trocas do delegado-geral em 15 dias. Acima dos supostos motivos, as mudanças foram o pico de uma turbulência iniciada há meses com a aprovação da Reforma da Previdência. O texto criticado pela categoria passou na Assembleia Legislativa (Alesc) e deixou marcas entre agentes, escrivães e delegados. A insatisfação se espalhou de tal forma que gerou divisões internas. E está justamente nisso a primeira lição do atual momento: com o racha interno, a corporação se desmobiliza e piora o clima.

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Para agravar o cenário, uma suposta interferência política nos trabalhos da Polícia Civil mexeu com as estruturas. Nada foi comprovado ou realmente denunciado até o momento, principalmente no caso que teria motivado a saída do delegado Akira Sato do cargo de delegado-geral.

Caso realmente aconteça qualquer tipo de pressão, cabe aos coagidos e pressionados o dever da oficialização das denúncias, outra lição importante do episódio atual. Nada é mais fundamental para a corporação que tem como dever apurar todo tipo de ilícito do que a sua independência.

Por fim, cabe ao governo transmitir e colocar na prática a mensagem de que a corporação tem autonomia para trabalhar. A resolução na crise da Polícia Civil passa diretamente por isso, mas também por uma pacificação no ambiente interno que caberá ao novo delegado-geral, Marcos Ghizoni Junior, capitanear.

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Ela só será perene se houve a coloboração do governo através das pautas necessárias como o plano de carreira da categoria. Os catarinenses dependem, e muito, do trabalho da corporação. Não há mais tempo a perder.

Repercussão

Após o vazamento de uma suposta investigação da Polícia Civil em relação a um contrato de serviço de software pela secretaria de Administração do Estado, o secretário da pasta, Jorge Eduardo Tasca, pretende buscar explicações. Ele contratou um advogado para pedir informações à Polícia Civil sobre eventuais investigações que o envolvam. O caso veio à tona como um dos supostos motivos para tentativa de interferência nos trabalhos da corporação que teria causado o pedido de demissão do delegado Akira Sato, na última semana.

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