Não há justificativa, nem como achar normal. O coronavírus nos tirou 100 mil vidas. Mães, pais, avós, filhas e filhos. Histórias diferentes, mas tragicamente unidas por uma doença pesada, com todos os efeitos ainda desconhecidos. O pior deles, porém, todos sabemos: a morte. Desde março, nos primeiros sinais da pandemia, o Brasil minimizou os impactos do coronavírus. Ultrapassar a triste marca de 100 mil vidas perdidas resume a forma com que o vírus foi encarado.

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A começar pela principal postura, que deveria ser exemplar. O presidente da República, Jair Bolsonaro, chamou a doença de “gripezinha”. Errou e ajudou a desmobilizar. Mesmo assim, insiste em diminuir os efeitos ao incentivar um confronto entre saúde e economia. Em paralelo, os números de mortes sobem. Como resposta, os negacionistas dizem que somos um país de dimensão continental.

Comparam a população com outros países, reduzem a relevância de perder vidas. Independentemente de qualquer outro cenário, 100 mil mortes escancaram nosso despreparo. Em quase cinco meses, perdemos tempo discutindo medicações sem comprovação científica. Olhamos para a disputa ideológica, trocamos três vezes de ministro da Saúde sem que atualmente tenha sido colocado um titular no comando.

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A população se vê desamparada, na sua maioria. Mas uma parte fica encorajada a conviver com o coronavírus diante dos sinais errados transmitidos por autoridades como Bolsonaro. Como consequência há uma falsa sensação de segurança que se espalha. A responsabilidade dos governantes é do tamanho das perdas. Cabe a eles estabelecer o grau de prioridade. E claramente não há mais dúvidas sobre a complexidade e os riscos da doença.

Governantes que se escondem ou minimizam não correspondem ao cargos que foram eleitos, além de serem omissos. Falta, junto a uma estratégia para reagir, solidariedade e empatia. Autoridades não podem enxergar brasileiros morrendo sem o mínimo de compaixão. O sentimento deveria mobilizar. Mas não é que vemos. Enxergamos paralisia, logo no nosso pior momento. Estamos reféns e assistimos tristes e impotentes a mais famílias devastadas.

Independentemente da idade, de doenças anteriores, perdemos vidas. E o motivo é o coronavírus. Para isso, a resposta está longe ser: c, “Tem medo do quê?”. Perdemos as esperanças de o país sair melhor da pandemia, mas não podemos deixar de crer que ainda temos força para tentar. Mesmo que os responsáveis por guiar o Brasil caminhem no sentido contrário.

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