Apesar de fortes, as imagens de um homem sendo morto a pancadas em meio a um posto de gasolina de Palhoça, na Grande Florianópolis, ganharam apoio, elogios e comentário efusivos. As redes sociais tornaram-se o palco da comemoração. Lembro: a comemoração por uma morte. Apontado por seus algozes como responsável por um roubo na noite anterior, o rapaz de 20 anos foi executado por três pessoas, segundo a Polícia Civil. Ao redor delas, outras incentivavam, algumas tentavam conter e outras nada fizeram.
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Pouco tempo depois, o tribunal das redes sociais já referendou o que os “juízes” das ruas haviam decretado como se vivêssemos nos tempos do “olho por olho, dente por dente”. Ignora-se a lei, deixa-se de lado a estrutura jurídica. Tudo isso para agir com as próprias mãos. Mas não há Justiça nisso, como muitos querem emplacar. Justiça, como estabelecido em lei, é diferente. A pena de morte, por exemplo, nem sequer existe na Constituição Federal.
Pelo processo jurídico correto, a Polícia Civil investigaria o roubo, encontraria os suspeitos e os indiciaria. Tudo baseado em provas. Depois caberia ao Ministério Público e ao Judiciário a condenação ou absolvição. Mas aí surgem as críticas às falhas do sistema. Para isso, entretanto, o melhor a se fazer é a cobrança pelas via certas: no Legislativo, para uma mudança nas leis, ou no Estado, por mais segurança.
Não se trata aqui, como muitos devem estar pensando, de “passar a mão na cabeça de bandido”. Trata-se de fazer o suspeito responder e pagar, quando confirmado, pelas vias corretas. Do contrário, para que servem as leis? Para que servem as polícias? Com a agressão violenta até a morte de terça-feira (17), os três homens presos passaram da condição de vítimas (pelo menos um deles, no caso), para indiciados por homicídio qualificado.
O que ocorreu em Palhoça deveria assustar e não ser tratado com normalidade. Derruba os processos constituídos e estabelece uma nova ordem descontrolada. Tornar uma agressão até a morte como exemplar é naturalizar a barbárie, o que geraria efeitos devastadores.
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